Atualmente, Portugal é um dos países com maior atraso nos pagamentos de créditos ou outro tipo de encargos financeiros, o que torna essencial avaliar a capacidade financeira e o risco de crédito dos clientes, antes de aceitar qualquer tipo de relação. Pretende minimizar os riscos de concessão de crédito a um novo ou atual cliente? Saiba como avaliar o risco de crédito de um cliente!
Após estes 2 anos de pandemia e como consequência da guerra entre a Ucrânia e a Rússia, muitas empresas viram as suas atividades encerrar ou passar dificuldades, tendo em conta o aumento de preços das matérias-primas e o aumento de custos para muitas delas. Como tal, é expectável que haja um maior incremento de atrasos nos pagamentos e, consequentemente, maiores necessidades de financiamento e reinvestimento.
É extremamente relevante que existam métodos e ferramentas de análise capazes de avaliar o risco de crédito para um novo cliente, de forma a reduzir a percentagem de subjetividade e ambiguidade nesse processo.
Acompanhe 3 diferentes métodos de avaliação e análise de risco de crédito:
1- Método de Aceitação e Avaliação Comportamental
Uma das formas de analisar o risco de crédito é através do estudo do comportamento interno e externo da empresa, através da verificação de eventuais incidentes, ações judiciais ou outro tipo de constrangimentos e problemas com diferentes stakeholders, como os fornecedores e outros parceiros de negócio.
Assim, este método de análise tem como fim avaliar o risco financeiro de um novo ou atual cliente, no sentido de perceber qual a capacidade de cumprir o pagamento relativo ao compromisso financeiro que pretende contrair.
Se, com base na análise, se entender que existe capacidade financeira, é aceite a concessão do crédito. No entanto, este processo de avaliação e controlo de risco deve ser constante, sendo necessário a existência de um fluxo de informação contínuo, de forma a poder ir analisando a probabilidade de incumprimento, de forma atualizada e eficaz;
2 - Método de Avaliação Casuística
O método da avaliação casuística avalia o risco de crédito, com base na interpretação de diferentes indicadores de cada cliente, os denominados “5 C’s de Crédito”.
Carácter do Cliente: o histórico financeiro do cliente, no que diz respeito ao pagamento das suas obrigações financeiras e a sua, consequente, reputação no mercado, através da análise de todas as transações passadas e eventuais processos judiciais pendentes ou concluídos. Para ser justo, deve ser tido em consideração a estrutura, volume e anos de atividade do negócio;
Capacidade: Avalia a probabilidade do cliente pagar o crédito solicitado. Para isso, devem ser analisadas as demonstrações financeiras da empresa, com especial foco nos rácios de liquidez, endividamento e rentabilidade do negócio;
Capital: Analisa a solidez financeira do cliente, avaliando o património líquido e outros recursos que este tenha disponível para fazer face às dívidas contraídas, de modo a avaliar o seu fundo de maneio;
Colateral: Avalia o número de ativos complementares que o cliente dispõe e que possam servir como garantia para a realização do crédito. Quanto mais valor tiverem esses ativos, maior o montante a crédito a poder ser solicitado e maior a possibilidade de recuperar esse valor creditado, no caso de incapacidade de pagamento;
Controlo: Considera a situação financeira atual do cliente, assim como as suas perspetivas de crescimento ou eventual declínio, que dependem diretamente de fatores que o cliente não controla, mas que têm influência do seu desempenho, como o crescimento e desafios do mercado, concorrência ou conjuntura económica do país.
Desta forma, o risco de crédito é avaliado, juntando todos estes “C’s”, como demonstra a seguinte equação:
Risco de Crédito = Carácter do Cliente + Capacidade + Capital + Colateral + Controlo
Este tipo de análise acaba por ser um pouco subjetiva, tendo em conta os 5 fatores avaliados. Por esse motivo, é importante registar tudo num documento denominado de “Ficha de Crédito”, para sofrer apreciação de um Analista financeiro, embora essa análise também esteja pendente das circunstâncias, contexto ou interpretação individual do Analista;
3- Método de Avaliação Automática
De modo a assegurar a objetividade da análise e, comparando com o método anterior da avaliação casuística, o método da avaliação automática, tal como o próprio nome sugere, distingue-se pela automatização dos processos, de forma a garantir decisões isentas e objetivas.
Isso pode ser feito através de sistemas e tecnologias, desenhados com o propósito de avaliar o risco de crédito automaticamente, após o fornecimento de algumas informações “chave” da empresa, solicitadas pelo software, e em que, numa fase final, fornecerão uma resposta objetiva, com base em cálculos matemáticos, tendo em conta um conjunto de critérios e KPIs, previamente definidos.
Este método é especialmente útil, considerando a redução de custos e encargos, ao nível de tempo e Recursos Humanos, tendo em conta a redução da necessidade do número de Analistas de Crédito.
Por outro lado, pode ser difícil de implementar na grande maioria das empresas, devido à grande quantidade de dados necessários e necessidade de atualização recorrentes dos mesmos, para que possam contribuir com decisões fiáveis. Adicionalmente, pode representar um grande investimento financeiro, inacessível a muitas delas.
Pode utilizar cada um destes métodos apresentados de forma complementar, mas importa salientar que a gestão de risco de crédito deve ter sempre em consideração as especificidades da empresa, assim como do crédito em questão.
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